quarta-feira, 14 de abril de 2010

Passeio Público inicia projeto Ensaio Aberto no domingo

Começou neste domingo (11), a partir das 15h30, o projeto Ensaio Aberto, realizado no Passeio Público, com o grupo de afoxé Acabaca.  Nos próximos domingos, dias 18 e 25, vão se apresentar os grupos de afoxé Filhos de Oyá e Oxum Odolá, respectivamente.

No projeto Ensaio Aberto, a praça mais antiga e arborizada de Fortaleza recebe grupos de todos os estilos musicais (samba, chorinho, afoxés, maracatus, forró, entre outros) para realizarem seus ensaios. O público terá a oportunidade de dançar, cantar e aprender a tocar os instrumentos dessa manifestação cultural afrodescendente.

Os afoxés são grupos tradicionais que levam a cultura e a religiosidade negras para os espaços públicos, com a missão de divulgar e desmistificar. A palavra afoxé é de origem Yorubá. É composta por três termos: “a”, prefixo nominal; “fo”, que significa dizer, pronunciar; e “xé”, que significa realizar. Para Antonio Risério, poeta e antropólogo, afoxé quer dizer “o enunciado que faz acontecer”, "a fala que faz". As principais características são as roupas nas cores do orixá guardião do afoxé, as cantigas em Yorubá e os instrumentos de percussão (atabaques, agogôs, agbês, afoxés e xequerês).

Projeto Ensaio Aberto, com os grupos de afoxé Acabaca, Filhos de Oyá e Oxum Odolá .Todos os domingos de abril, a partir das 15h30 Passeio Público, Rua Doutor João Moreira, s/n - Centro.


Um comentário:

  1. O afoxé tem comportamento específico, seus foliões estão vinculados a diversos terreiros de candomblé. Têm consciência de grupo, de valores e hábitos que os distinguem de qualquer outro bloco. Para quem não conhece o candomblé e suas cantigas, olha como se fosse um bloco carnavalesco diferente, mas é o candomblé de rua, segundo Raul Lody.As principais características são as roupas, nas cores dos Orixás, as cantigas em língua Iorubá, instrumentos de percussão, atabaques, agogôs, afoxés e xequerês. O ritmo da dança na rua é o mesmo dos terreiros, bem como a melodia entoada. Os cantos são puxados em solo, por alguém de destaque no grupo, e são repetidos por todos, inclusive os instrumentistas. Antes da saída do grupo ocorre o ritual religioso (como a cerimônia do "padê de Exu" feita antes dos ritos aos orixás numa festa de terreiro).O afoxé Embaixada da África foi a primeira manifestação negra a desfilar pelas ruas da Bahia, em 1885. Em seu primeiro desfile, utilizou indumentária importada da África. No ano seguinte, surgiu o afoxé Pândegos da África.Podem ser encontrados no Carnaval da Bahia em Salvador e nas cidades de Fortaleza, Recife, Olinda, Rio de Janeiro, São Paulo e Ribeirão Preto.Nos anos 1980, havia um grupo em Belo Horizonte, o Afoxé Ilê Odara, fundado por Gilberto Gil e a iyalorixá Oneida Maria da Silva Oliveira, a Mãe Gigi. O afoxé foi extinto e desfilou pela última vez, em Belo Horizonte, no ano de 1988, após a morte de dona Oneida. Desfilavam no grupo mineiro nomes como o cientista político da UFMG Dalmir Francisco, o bailarino Márcio Valeriano e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Maurício Campos, além de personalidades da comunidade negra, como a coreógrafa Marlene Silva, o músico Mamour Bá, a bailarina Rosileide Oliveira e o sambista Raimundo Luiz de Oliveira, o Velho Dico. Em Ribeirão Preto, SP, o Afoxé Ómò Orunmila iniciou nos anos 1990 sua participação no Carnaval de Rua local, sob iniciativa do Centro Cultural Orunmilá que tem na cidade entre outras a função de resistência cultural ante as tentativas de dominação da cultura negra pela cultura ociental e de preservação dos laços negros e afrodescentes do carnaval de rua, seus espetáculos e suas agremiações carnavalescas locais.

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